Nossas roupas respiram memórias, sejam elas boas ou ruins, estão sempre ali. Talvez por fazer lembrar de lugares que conheceu, pessoas, por terem te presenteado ou porque você ficou pensando na melhor ocasião pra usar aquele vestido e pronto, quando usou, conheceu o amor da sua vida, roupas de pessoas que se foram e ficam no ármario da mesma ou surgem como uma herança (essa roupas sim tem 'aquele' valor sentimental que ninguém muda ou tira).
O livro O Casaco de Marx: roupas, memórias, dor [Editora Autêntica, 2008], de Peter Stallybrass. No primeiro capítulo, o autor conta de quando começou a pensar nas simbologias que a indumentária pode abrigar, ao usar uma jaqueta de um grande amigo que havia morrido:
"Se eu vestia a jaqueta, Allon me vestia. Ele estava lá nos puimentos do cotovelo, puimentos que no jargão técnico da costura são chamados de 'memória'. Ele estava lá nas manchas que estavam na parte inferior da jaqueta; ele estava lá no cheiro das axilas. Acima de tudo, ele estava lá no cheiro", " Comecei a acreditar que a mágica da roupa está no fato de que ela nos recebe: recebe nosso cheiro, nosso suor; recebe até mesmo nossa forma. E quando nossos pais, os nossos amigos e os nossos amantes morrem, as roupas ainda ficam lá, penduradas em seus armários, sustentando seus gestos ao mesmo tempo confortadores e aterradores, tocando os vivos com os mortos... Eu vesti a jaqueta de Allon. Não importa quão gasta estivesse, ela sobreviveu àqueles que a vestiram e, espero, sobreviverá a mim. Ao pensar nas roupas como modas passageiras, nós expressamos apenas uma meia-verdade. Os corpos vêm e vão: as roupas que receberam esses corpos sobrevivem.”
A ideia é que possamos ver que vestimentas, podem sim ser muito mais que tecidos pós moldados (capitalizados) e acreditar que moldamos de acordo com nosso cotidiano, nossa cultura.
Bom, essa é nossa dica!
Beijos =D
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